quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Oito semanas.

"Positivo. Geeeeente o teste de farmácia de positivo!"


Foi com essa frase, para poucos e bons amigos jogados na sala de casa, que anunciei para mim mesma e para o Hermes, que eu acabava de me descobrir grávida. E claro que não infartei, pois não foi o único positivo que li e senti, no dia seguinte (13/11) tinha um POSITIVO em letras garrafais num Beta HCG feito no hospital da minha cidade natal.

Hoje, dia 8 de dezembro, com exatas oito semanas de gestação, digo um pouco receiosa que a "ficha" ainda não caiu. Não, não que eu não deseje essa gravidez ou que eu seja imatura e inconsequente e por isso não consigo me perceber mãe. 
Gostaria de deixar claro (principalmente para mim, rs) que é uma notícia que veio sem que eu pudesse imaginar que viria, mesmo, e vou explicar por que: aos 15 anos de idade descobri que sofria de S.O.P a Síndrome do Ovário Policístico (famosa entre várias adolescentes e adultas). O ginecologista que me acompanhou na época (assim como váááários outros que tive ao longo desses dez anos) me deu algumas notícias desagradáveis sobre os "efeitos" da SOP, entre eles, a dificuldade que teria para engravidar e depois de ouvir isso de váááááários médicos, decidi que (atenção meninas, não façam isso em casa - ou qualquer outro lugar) transaria sem camisinha com meu namorado, mas claro, tomando anticoncepcional. Então descartei a camisinha e deu-se início a minha saga com os contraceptivos orais. Queridas e queridos, eu nunca, NUNCA me adaptei à nenhum anticoncepcional, tomei todas as marcas possíveis e imagináveis, desde às marcas que custam menos que uma caixa de bombom às que custam mais que sustentar uma criança, e nenhuma, eu disse NENHUMA deu certo. Os efeitos eram desestimulantes: dores de cabeça insuportáveis durante todo o dia, irritabilidade, enjoos, insônia... Era viver uma TPM constante e diária. Por fim, ao completar 18 anos, desisti de tomar anticoncepcionais e (repito, não façam isso em casa garotas) deixei também de usar camisinha com o meu namorado. Dos 15 aos 25 anos tive 3 namorados. Transei durante TODO o namoro sem camisinha com todos eles e NUNCA havia engravidado (até o dia 12/11 que vi duas listras rosadas no meu teste de farmácia), o que para mim significava que todos os quatrocentos e quinze médicos que visitei durante toda a minha vida sexual, estavam certos: eu não poderia engravidar (não sem longos e sofridos anos de tratamento). 

Foi por isso, exatamente por isso que, quando vi duas listras rosadas no teste de farmácia indicando que eu estava grávida, não acreditei. Não acreditei ao mesmo tempo que agradecia por eu poder gerar uma criança, uma vida, uma energia nova.


Até hoje agradeço, agradeço mesmo sem ter percebido a dimensão da minha vida agora. E digo à vocês que isso, esse sentimento meio alienado, deve fazer parte do processo de ser mãe. Aos poucos você vai percebendo o corpo mudar, os seios incham, doem, se preparam para produzir alimento e você sente uma cólicazinha aqui, outra ali, uma ameaça de enjoo, uma vontade louca de comer x-bacon-tudo na casinha de lanche ao lado da sua casa (sim, aquela que você prometeu nunca comer), então num dia qualquer você tem um sangramento leve e se desespera, e chora e sofre e morre de medo de perder a única coisa na vida que até hoje, você sentiu sua. E aí você para, respira fundo e percebe que já parou de pensar em você, você e você, no seu futuro, sua faculdade, sua casa, sua família, seu namoro, sua vida e puft: começa pensar em "será que esse serzinho está saudável dentro de mim?" e por dias e semanas (e acho que até o fim dos meus dias), assim será. Foi ali. No dia desse sangramento leve (normal no primeiro trismestre de gestação) e até então, totalmente desconhecido para mim, que me percebi cuidando desesperadamente desse outro coração batendo em mim. 


Hoje, depois de quase quatro semanas de gestação consciente, digo receiosa que não me sinto mãe, não me entendo mãe e não sei como será. Mas me sinto forte, me sinto protetora e disposta a parar o meu coração pra que o desse ser em mim, bata. Digo também que estou me sentindo mais sensível e cada dia mais ligada à Deus. Eu que nunca soube o que é ter fé, sinto que estou próxima a sentir ela escorrendo pelos poros. Eu me sinto cada dia mais viva, cada dia mais certa de que preciso estar aqui para descobrir com esse ser tudo e tanta, tanta coisa! Não sei, não sei como se sentem as mães, mas acho que elas se sentem enormes e são.


Vou fazer desse lugar, um canto pra contar à vocês amigos que estão longe fisicamente e não podem acompanhar a minha gestação e também a todos que querem descobrir comigo como a vida pode se transformar e vou dividir as minhas neuras, meus medos, minhas descobertas, meus sentidos! Segura minha mão que ainda restam 32 semanas de aventuras pra lá de especiais, rs!




Beijos e amor,



Um comentário:

  1. Já ouvi dizer que o amor que uma mãe tem por seu filho é o único,nesse mundo, que chega a se assemelhar ao verdadeiro Amor... Aquele infinito... de Deus... e que estamos a descobrir a cada batida do nossos coraçõezinhos de pequenos.
    Boa caminhada, 2012 promete né? bjs

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